Grupo
ACADÊMICOS FUNDADORES

ANSELMO GOMES DE OLIVEIRA

É graduado em Farmácia Bioquímica pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1977). Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983). Doutor em Ciências Biológicas pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (1990). É Professor Titular do Departamento de Fármacos e Medicamentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, Campus de Araraquara, SP. Atualmente é vice-diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP. Foi Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da FCF-Unesp, do Programa Multi-institucional em Nanotecnologia Farmacêutica e do Centro de Equivalência e Bioequivalência Farmacêutica da Unesp. Tem experiência na área de Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica, com ênfase em nanotecnolgia farmacêutica, atuando principalmente nos temas de lipossomas, nano- e micropartículas poliméricas e lipídica sólidas, nano- e microemulsões, liberação controlada e estabilidade de medicamentos. É docente e pesquisador credenciado do Programa de PG em Ciências Farmacêuticas da UNESP e do Programa de PG em Nanotecnologia Farmacêuticas, Multi-institucional, envolvendo a UNESP, UFG, UFRGS, UFSM, UFSC, USP-RP, UFOP, UFMG, UFRN, UFPE. Possui cerca de 120 artigos científicos publicados em periódicos especializados, 8 capítulos de livros com cerca de1.370 citações. Possui 5 solicitações de patentes. É editor-chefe do períodico Infarma-Ciências Farmacêuticas. É diretor da Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. Faz parte do corpo editorial de vários periódicos especializados Nacionais e Internacionais. É membro do corpo de avaliadores do MEC-Sesu para avaliação de Instituições de Ensino Superior na área de farmácia.  É assessor de várias agências de fomento, incluindo a Fapesp, Fapergs, Fapemig, Facepe, CNPq e Capes. É bolsista de produtividade científica nível 1do CNPQ.


                      

     

 

Discurso de posse como Membro Titular na Academia Nacional de Farmácia

Estou muito feliz, muito envaidecido, e muito honrado por ter sido indicado e aceito para ocupar a cadeira número 3 da Academia Nacional de Farmácia, cujo patrono é o Acadêmico General-Brigadeiro Alfredo José Abrantes e o Prof. Álvaro Noronha da Costa, meu antecessor a quem tenho a responsabilidade de substituir.

Bem, o eu que posso dizer do patrono da cadeira que irei ocupar? São inúmeras atividades e as fases de sua carreira. Vou destacar algumas importantes e outras curiosas.

Na biografia que deixou o Acadêmico Alfredo José Abrantes, paraibano, nascido em março de 1857, destacou-se pela competência na organização e direção da Farmácia do Hospital Central do Exército e em comissões para a instalação de diversas farmácias na corporação. Mas, como um homem de atividades múltiplas, de seu memorial constam também uma serie de incumbências curiosas, como por exemplo, a designação para atuar como observador de um eclipse total do sol no Ceará, a participação em 1900 como membro da Comissão de Limites entre Brasil, Bolívia e o Peru, tendo sido o único sobrevivente dessa expedição, e cujo conflito só foi resolvido pela atuação do Barão do Rio Branco no Itamaratí que viabilizou o Tratado de Petrópolis assinado com a Bolívia em 1903 e que obrigou o Brasil a demarcar novas fronteiras com o Peru. Foi também membro da Comissão que explorou e demarcou o planalto central de Goiás e delimitou a região onde hoje está edificada a nossa capital federal Brasília. São esses importantes exemplos de dedicação extrema à profissão, que fizeram a carreira do Acadêmico Alfredo José Abrantes movimentada e tão brilhante. E eis me aqui que com minha humilde contribuição tenho a responsabilidade de ocupar a mesma cadeira de tão ilustre figura.

Nesse momento, acima de tudo, quero dizer que estou plenamente consciente das implicações e dos compromissos que estou assumindo perante a essa grandiosa Instituição e perante todos os meus colegas acadêmicos.

Penso que na medida em que vamos sendo inseridos em grupos gradativamente mais seletos, aumenta a nossa responsabilidade enquanto formadores de opinião e enquanto cidadãos que podem contribuir de maneira diferenciada para o progresso de nosso país. Nós falamos dos jovens e esperamos deles um comportamento melhor. Mas nos esquecemos que eles se formam e se informam em nossas ações. Então, o que dizer a eles, se nós queremos um país melhor, é de nossa inteira responsabilidade porque é possivelmente isso que vai guiá-los em suas ações no futuro. Por isso os governantes e representantes do povo no parlamento também deveriam pautar suas ações para que os jovens tenham exemplos sólidos de como conduzir com honradez e ética as políticas de estado.

A vida muitas vezes foi até engraçada, e se revela repleta de momentos que se sucedem numa velocidade espantosa e que cabe a cada um, dentro de sua capacidade de discernimento, escolher aquilo que deve ou não fazer parte de sua história de vida.

Eu penso que grande parte das pessoas dificilmente encontrará respostas para as buscas que fazem na tentativa de entender os fenômenos que direcionam as suas vidas. Mas quem sabe um dia, diante da luz de nosso criador, seremos capazes de compreender o sentido de cada oportunidade que nos foi oferecida e o porquê foi aceita ou foi rejeitada.

Dizem que “não seremos julgados pelo mal que fizemos, mas sim pelo bem que deixamos de fazer. Porque manter o amor trancado dentro de si é ir contra o espírito do criador e isso é a prova de que nós nunca O conhecemos e que, portanto, ele nos amou em vão”.

Por isso, é bom frequentemente nos perguntarmos: Estamos fazendo bem nossas decisões? Com muita segurança eu posso afirmar que sim eu fiz! Fiz bem porque há quase 30 anos não deixei escapar a oportunidade de ingressar no curso de Farmácia, essa formação que tem sido a luz de minha vida profissional e hoje eu tenho a plena convicção de que esse foi um dos principais acertos de minha vida.

Nessa profissão, que proporciona amplas possibilidades de atuação, eu nunca esmoreci mesmo nos momentos em que fui julgado com muita severidade. Eu me recordo do que dizia Roberto Campos em resposta aos que o atacavam enquanto Ministro do Planejamento “A violência da flecha dignifica o alvo”, por isso eu acho que o julgamento com severidade nos engrandece e também sugere que alguma coisa digna nós fizemos.

E é justamente a Farmácia que associada com a carreira acadêmica tem me proporcionado momentos de satisfação em toda a sua plenitude e que me permite nesse momento estar assumindo a cadeira número 3 da Academia Nacional de Farmácia.

Nesses dias que antecederam essa cerimônia, um exercício de autorreflexão remeteu claramente meus pensamentos aos registros mais longínquos relembrando os momentos das dificuldades passadas, os numerosos momentos prazerosos da vida e às várias etapas que se sucederam em minha vida profissional.

Remeteram-me também aos momentos em que nos espelhamos em nossos mestres para direcionar as etapas de nossas vidas e até aos momentos em que jovem e ainda sem definição profissional transitava defronte ao prédio tradicional da Faculdade de Farmácia na rua 8, olhando-a como algo inatingível e sem ao menos imaginar que um dia estaria do lado de dentro como profissional e que isso me permitiria ter a ascensão a degraus que naquela época sequer eram imagináveis.

Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!

Dessa forma se expressou “O boticário que aviava as palavras” poeta Mário Quintana no poema “Das utopias”. E eu acho que essa é uma das boas razões pela qual nós nunca devemos deixar de querer... querer que as coisas aconteçam...

O reconhecimento que hoje a Academia me proporciona, como já disse, me envaidece, me honra, mas principalmente me impulsiona a desbravar uma outra face do universo, agora com a emoção impar de pertencer a essa casa, mesmo sabendo a exata dimensão de minhas responsabilidades e limitações. Mas pela vontade de meus colegas acadêmicos vou enfrentar com dignidade e humildade mais este desafio que a vida me apresenta.

Penso que o sentido da imortalidade relacionado com as “Academias” está implícito no legado que podemos construir como Acadêmicos e que possa ser utilizado positivamente por aqueles que nos sucederem. Esse é o trabalho que nos engrandece individualmente e também a Instituição a que pertencemos.

Eu agradeço ao meu fraternal colega o Acadêmico João Paulo da Silva Vieira, ausente por motivo muito relevante, mas que aceitou a incumbência de me transmitir os votos de boas vindas, apresentado através do colega Acadêmico Mateus Mandu de Souza e vou me lembrar de suas palavras para conduzir os meus primeiros passos dentro desta casa.

Estou muito feliz e gostaria de citar meus familiares; minha querida mãe e meus irmãos aqui presentes, cujo amparo na época de estudante meu permitiu concretizar aquilo que me esperava no futuro; meus filhos, que são parte indissociável de minha vida e que fazem dela uma aventura ... contínua; a Regina, que esteve ao meu lado nos momentos difíceis e que continua suportando minhas manias; meus amigos, cuja convivência e apoio são essenciais nos momentos de descontração; meus alunos, os colaboradores que me permitem concretizar o fluxo de ideias e que são a razão de minha evolução intelectual; meus colegas professores/pesquisadores cuja convivência me permite criar novos objetivos na vida profissional; e meus irmãos acadêmicos, com quem partilharei a convivência na Academia, nesta noite que para mim revela uma sensação de preenchimento pleno, um sentimento de maturidade e também de muita responsabilidade.

Posso finalmente dizer que vou tentar com todas as minhas forças fazer jus a esse merecimento que a Academia Nacional de Farmácia representada pelo nosso presidente Dr. Caio Romero Cavalcanti e pelos acadêmicos Dr. Jaldo de Souza Santos, Dr. Gustavo Batista Éboli e Dr. Mateus Mandu de Souza, hoje me proporciona.

Muito obrigado pela presença de todos!