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DISCURSOS

Discurso proferido pelo Acad. Dr. Júlio Lopes Queiroz Filho, por ocasião de sua posse na Academia Nacional de Farmácia

 

Na pessoa do Presidente da Academia Nacional de Farmácia, o Acad. Dr. Caio Romero Cavalcanti, cumprimento todos os acadêmicos, agradecendo por terem acolhido a minha indicação.

 

Quero expressar meu grande contentamento pelo ingresso na Academia Nacional de Farmácia.

 

Desde 1983, quando ingressei na carreira acadêmica, na Associação Fluminense de Educação – AFE, atual Universidade UNIGRARIO, venho desenvolvendo a minha labuta a procura incansável do saber, pois a nossa Profissão é atualizada a todo o momento.

 

Ser, neste momento, reconhecido como Profissional Farmacêutico pela Academia aumenta ainda mais o meu sentimento de realização e a certeza que estou trilhando o caminho certo para a concretização de meus sonhos e prosseguir na luta no encalço de novas vitórias.

 

Gostaria de lembrar do meu Honroso Patrono o Dr. Candido Fontoura e teve como seu ultimo ocupante o Dr. Sergio Portocarreiro de Souza, o qual tenho a honra de assumir  a Cadeira, neste momento:


Dr. Cândido Fontoura Silveira, nascido em Bragança Paulista em 14 de maio de 188, vindo a falecer em 5 de março de 1974. Foi Farmacêutico e Empresário. 


Fundou o "Instituto Medicamento Fontoura" em 1915 e, posteriormente, as "Indústrias Farmacêuticas Fontoura-Wyeth" dedicada à produção de penicilinainseticidas (entre eles o célebre Detefon) entre outros. Seu nome é sempre associado ao famoso Biotônico Fontoura, xarope tomado para abrir o apetite das crianças e assim batizado por Monteiro Lobato, amigo do Farmacêutico.

 

Há quase quarenta anos, um rapaz tímido e franzino, de poucas palavras e muitos projetos, abria uma pequena Farmácia em Bragança, no Estado de São Paulo. Órfão de Pai, que também era  Boticário, deixára na Cidade natal uma tradição de Caridade e Honradez, o moço recém formado pela Escola de Farmácia da capital paulista, defrontava grandes dificuldades no exercício da profissão. Durante um decênio a fio, lutou ele, em alternativas de esperanças e desânimos, no meio limitado em que se fixara. Mas o sonho de fazer alguma coisa mais alta na carreira que abraçara lançou-o em grande aventura. Escreve em 1913, um estudo sobre “A Saúde Pública a as Farmácias”, um brado altissonante no marasmo geral, pela elevação da Farmácia no Brasil. Um grito de guerra contra a sua decadência. E, com esse trabalho em uma das mãos e com o seu “Biotônico” na outra, atravessa o Rubicon: vende a botica provinciana e ruma para a metrópole bandeirante.

 

         Mas o São Paulo de então, com seus 300.000 habitantes, espreguiçava-se ainda, sem sonhar sequer com o que seria hoje, essa megalópole, trepidante entre arranha-céus titânicos e fábricas ousadas.


O Dr. Cândido Fontoura, que tal era o Farmacêutico de Bragança, encontrou novos e tremendos obstáculos para iniciar a indústria com o seu produto. Várias vezes este pensou em desistir deixando em definitivo as suas ambições.


Porém, “A Saúde Pública e as Farmácias” começou a  agitar a opinião pública. Júlio de Mesquita, nas colunas prestigiosas de “O Estado de São Paulo” fez de ensaio  de Fontoura o “pivol” de uma campanha. O grande Luiz Pereira Barreto teve a sua atenção despertada para o jovem profissional e começou a tomar, a recomendar e receitar “Biotônico”. Graças ao sonho de uma Farmácia maior e mais digna, o nome de Fontoura começou a impor-se a todos os círculos. A sua competência e probidade profissional fizeram o resto, a ascensão vitoriosa. O “Instituto Medicamenta” que se fundou e do qual é a própria alma, guarda aquele mesmo espírito que animava as vigílias do moço bragantino.
No campo científico, o Dr. Cândido Fontoura foi o pioneiro da fabricação industrial da Cafeína no Brasil, obtida, por processo original seu. Da fuligem das torrefações de café; descobriu um novo antimalárico, o resorcinol-quinina, depois isolado e estudado por seu colaborador Liberalli; divulgou, pela primeira vez em nosso meio as virtudes terapêuticas do café, em memorável estudo apresentado à Academia Nacional de Medicina, que o recebeu em seu seio, e que o Departamento Nacional de Café editou em português e em casteleano para conhecimento de toda América.
A sua culminância não o colocou na categoria dos “Medalhões” inoperantes, que refugam a classe a que pertecem e que os elevou.
No cenário heterogêneo da Farmácia nacional, o Dr. Cândido Fontoura alteia sua figura impar. Homem feito pelo próprio valor e a custa do próprio esforço, conhece os meandros, as angústias e as necessidades da Profissão. Sofre com ela e não se conforma com a inércia passiva dos acomodados. Por isso a sua palavra tem tamanho respeito. A Farmácia se orgulha do Dr. Cândido Fontoura. 


Com isso gostaria de homenagear um dos maiores vultos da nossa Profissão e render hoje, esta homenagem ao dinâmico, batalhador da causa da Farmácia brasileira.


Para finalizar, quero agradecer a você, minha amada esposa Dra. Tatiana Queiroz e as minhas filhas: Juliana e Júlia Queiroz, pela dedicação e afeto para comigo e me desculpar pelos períodos de ausência e por toda compreensão. Aos meus pais, pela certeza do que me foi ensinado, não foi em vão, e valeu à pena! Apesar de não estar mais entre nós, tenho a certeza do orgulho da minha Mãe!  A minha Irmã, sobrinhos, tios, primos e amigos, que me ajudaram a superar as dificuldades e a conquistar os meus objetivos.

 

                E como tudo em minha vida, quero agradecer ao autor da minha Fé, DEUS, que me proporcionou chegar até aqui e tem me honrado dia após dia. Enfrentando e superando todos  os obstáculos e me fazendo mais que VENCEDOR.

 

                A ele seja toda GLÓRIA e HONRA.
                
                Muito obrigado!